Um pouco da história do Grafite



Evento Zimundo (12 de outubro de 2011)

A palavra grafite vem da palavra italiana “grafito” que significa “escrita feita com carvão”. Mas também tem ligação com “graphein”, palavra grega que significa “escrever”. O grafite originou-se nas mensagens escritas a carvão que os antigos romanos escreviam nas paredes, mensagens de amor, manifestações e protestos, conselhos entre outros.
Alguns séculos depois das primeiras grafitagens com os romanos os carvão é substituído pelo spray, assim reaparecendo nos muros das cidades, principalmente em Nova Iorque, onde Taki 183 foi considerado o primeiro que ganhou fama com o grafite. Em 1970, Taki 183, inspirado em Júlio 204 que foi primeiro grafiteiro, começando em 1968, deixa seu primeiro grafite em um caminhão de sorvete. Mas nessa época o grafite ainda era utilizado como uma forma de gangues demarcarem seu território, também fazia parte de atividades de protesto, como um jeito mais direto de se expressar.
Depois da abrangência do grafite nos centros urbanos os grafiteiros tinham então que se diferenciar um dos outros, criando seu próprio estilo de grafitar. Com a mudança as letras a ganharam novos contornos, novas formas e cores. Assim surgiram os estilos Bubble, Broadway, Mechanical e o Wild Style. Um aliado muito forte para a divulgação dos grafites foi o metrô, todos os grafiteiros desejavam deixar a “sua marca” e sabiam que, como o metrô percorre a cidade inteira, a arte deles seriam vistas por muitas pessoas.
No Brasil, Alex Vallauri é considerado um dos iniciadores do Grafite, chegou a São Paulo em 1965, onde estudou e em 1978, passou a fazer grafite em espaços públicos da cidade produzindo silhuetas de figuras. Outros grafiteiros se destacaram junto ao Alex, assim como: Waldemar Zaidler, Carlos Matuck e Maurício Villaça. Outra referência importante quando o assunto é intervenção urbana em São Paulo, o grupo TupiNãoDá, composto por Carlos Delfino, Jaime Prades e Milton Sogabe. Em toda a década de 19880 o grupo fez performances e grafitagens pela cidade.
Vallauri apresentou na 18ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, em 1985, a exposição de Grafite Estêncil intitulada: “A festa na casa da Rainha do Frango Assado”. O Dia Nacional do Grafite, em 27 de março, foi criado após a morte de Vallauri, em 1987.
A cada dia, o grafite no Brasil vem ganhando mais respeito, espaço e reconhecimento por parte da Sociedade Civil, dos Poderes Públicos e por escolas e críticos de arte (belas-artes), desaparecendo com o antigo preconceito que considera a arte de rua como vandalismo ou como uma arte inferior dentro do universo das artes plásticas.
QUAL A RELAÇÃO E DIFERENÇA ENTRE O GRAFITE E A MARGINALIDADE?           

 Para relacionarmos ou diferenciarmos os grafiteiros de marginais, devemos primeiramente conceituar cada um.

A tribo dos grafiteiros é composta por pessoas que desde a década de 60 reúnem para pintar suas opiniões pelos muros da cidade, expressam seus sentimentos e tentam deixar a cidade mais “alegre”. Sendo com autorização do proprietário, mas outras vezes não (depende de quem o faz).

E de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: marginalidade é “quem vive ou esta a margem da sociedade de importância secundária e escassa”. Ou seja, olhando por um lado técnico, grafite seria uma forma de marginalidade sim, desde o momento que ele começou dos guetos (que estão afastados do centro, sendo assim a marginal), servindo de distração para os grupos de classe baixa. Na visão de mundo eles seriam considerados uma parte da sociedade de importância mínima, “pobres” que gostam de pintar muros, vestirem com roupas largas e ouvir hip-hop.

Mas se formos levar ao pé da letra a palavra “marginalidade”, que segundo a população: “são pessoas que brigam, sujam os muros com insultos, letras sem sentido e seus codinomes”, confunde-se com vandalismo, (e logo associam vandalismo com marginalidade e grafiteiros com pichadores) que de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa é “Destruição ou mutilação do que é notável pelo seu valor artístico ou tradicional.”, quem se encaixa são somente os pichadores, que por sua vez, na época da ditadura pichavam paredes para expressar as opiniões contra o regime, mas hoje em dia é usada pra satisfazer o ego do grupo para que o mundo saiba da sua existência e demarcarem seu território.

Gírias da tribo



Principais termos e gírias utilizadas no Grafite;







 Grafiteiro/writter: o artista que pinta.
• Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro.
 Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúne para pintar ao mesmo tempo.
• Tag: é a assinatura de grafiteiro.
• Toy: é o grafiteiro iniciante.
• Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.
 'Entrevista com Raquel Moreira'


Entrevistamos também, dia 26 de Outubro, uma menina de 17 anos de idade chamada Raquel Moreira Oberdá que reside na cidade de Belo Horizonte. Raquel estudante do ensino médio é uma pichadora.
Quando pequena Raquel assistia muitos filmes de canais estrangeiros e neles sempre mostravam alguns pichadores. Ao qual ela começou a se interessar pela pichação, mas o seu interesse surgiu mesmo depois do dia em que um garoto contou a história de sua vida na igreja evangélica que ela e seus familiares frequentavam. Ela treinava suas pichações nos cadernos escolares e nos muros de sua escola. O tempo passou e ela conheceu pessoas novas que gostavam daquele mesmo universo que ela e começou a aprender de onde se surgiu a pichação e a realidade de seus praticantes.
Raquel virou pichadora com 13 anos de idade e começou a usar o spray no ano de 2008 para fazer suas pichações que antes eram feitas com canetões. O lugar que ela mais pichava era seu bairro e sua escola. Algumas pessoas ate contavam pra sua mãe que não tinha conhecimento do que ela fazia, mas como ela sempre pichava seus apelidos (Kelle e Dama) sua mãe nunca acreditava no que a contavam. Raquel em umas de suas saídas para pichar conheceu Gut (grafiteiro Augusto) e ele a apresentou uma outra arte: o grapixo. O grapixo é uma forma de criatividade, gerada pelo impulso de sentimentos e a necessidade de expressão, podendo ser ilegal ou não. E ao qual podemos chamar de uma mistura de grafite com pichação pelo seu nome.

Ela diz que quando começou a pichar não ligava pelo que as pessoas falavam e pelo o que ela estava fazendo, sendo errado ou não. Diz também que seus familiares quando descobriram não aceitavam e a julgavam ser e esta se misturando aos ''favelados'', expressão usada para caracterizar um membro inferior da sociedade.
Raquel também nos da sua opinião sobre o grafite e a pichação, e nos diz que são duas coisas diferentes. Em sua opinião os pichadores querem disputar entre si e demarcar territórios, já os grafiteiros querem mostrar através de seus desenhos sua opinião que a sociedade às vezes impede de dizer. Disse também que a pichação é algo totalmente ilegal, eles picham qualquer lugar sem autorização, afirmando que com os grafiteiros não é assim, se eles querem grafitar eles pedem autorização que muitas vezes são por escrito e se não conseguem autorização do proprietário não grafitam o lugar. Raquel diz que acha muito legal o trabalho dos grafiteiros e a forma deles agirem legalmente para grafitar, mais ela prefere a aventura, adrenalina dos pichadores. Apesar de que quando tem oportunidade se junta com grupos de grafiteiros, e se expressa através do grafite.
Raquel Moreira sendo entrevista por Camila Moreira, Poliana Nunes e Andreza Marques- Evento: Grafite Digital (26 de outubro de 2011)
'Entrevista com grafiteiros Lucas Torres e Hypper.'


__No dia 12 de outubro de 2011, as alunas Sarah Paranhos e Poliana Nunes participaram de um evento chamado “Festival Zimundo”. Onde se encontravam dois dos melhores grafiteiros de Belo Horizonte, Lucas Torres e Hypper, ao qual fizeram entrevistas sobre suas trajetórias do início de suas vidas como grafiteiros até os dias de hoje.

- Entrevista com Lucas Torres

O grafiteiro Lucas Torres iniciou em 2004, assim que chegou da Cidade de Três Pontas, achando que o grafite seria uma boa forma de expressão, “Aparecer e fazer parte da cidade”, diz ele.
Também nos revela que o grafite não tem hora pra ser feito, podendo ser sozinho ou em “rolé” com a turma. Disse que já foi pago por suas artes e hoje em dia vive muito desse trabalho, já fez fachadas de lojas e todo o tipo de trabalho que envolve pintura.
Na pergunta em que fizemos sobre mulheres no meio do grafite, ele respondeu que em seu “crew” há somente homens e eles se identificam com o nome de: Eternos de BH. Mas, em outros grupos há também mulheres. Lucas diz que as pessoas de Belo Horizonte valorizam seus trabalhos e estão sempre elogiando, dando sempre apoio a ele. Informa também, que irá grafitar por tempo indeterminado.
Sua arte possui um estilo diversificado, seus grafites são inspirados em objetos, personagens e animais. Por seu incrível talento, Torres ganhou em uma votação no Facebook uma viagem para grafitar na Califórnia (EUA), por produzir uma “logo” para a famosa marca de roupas MCD.
Na opinião de Lucas, o grafite não sofre muito preconceito. Mas, o preconceito é gerado pela arte e finalidade que o grafiteiro tem a passar em seu trabalho, afirmando também, que grafite não é pichação, como muitas pessoas dizem. Lucas nos diz que a diferença entre o grafite e a pichação é bem simples. Podendo se dizer que os pichadores querem apenas disputar entre si e demarcar território, dizendo que quem picha mais alto melhor é. Já os grafiteiros através do dom da arte em que possuem querem expressar suas opiniões, sem disputar, agredir ou desrespeitar qualquer membro de sua sociedade.
Lucas Torres- Evento Zimundo (12 de outubro de 2011)

Grafite: Ed-Mun e Tot 2011



Grafite de Rua







Matéria exibida no programa Tudo a Ver de Santos sobre o trabalho dos grafiteiros que deixa a cidade mais estilizada.
Traços e cores dão um olhar diferente para as ruas.
___

Cinegrafista: Jefferson Santos
Assistente: Helio de Oliveira
Reporter: Sandra Fonseca
Edição e finalização: Thátia de Freitas